Baianas de Acarajé e o seu ofício de luta, resistência e importância cultural.

Sobre o Projeto

O Projeto inédito de multilinguaguens visa salvaguardar o ofício das Baianas de Acarajé. Intitulado “Histórias, Memórias e Acervos do Memorial das Baianas de Acarajé” as atividades do projeto teve inicio em Abril de 2021, em 20 cidades e 8 territórios da Bahia. Com apoio financeiro do Estado da Bahia, através da Secretaria de Cultura e do Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia (IPAC) – (Programa Aldir Blanc Bahia) via Lei Aldir Blanc, direcionada pela Secretaria Especial da Cultura do Ministério do Turismo, Governo Federal, tendo o Grupo Cultural Ska Reggae como realizador, o projeto abrange:

  • Criação de Museu Digital;
  • Tradução de E-book “Tradição Oficio e Práticas cotidianas das Baianas de Acarajé”, da pesquisadora Vanessa Castaneda de Nova York;
  • Produção e lançamento do documentário “Do Dendê Ao Acarajé”;
  • Realização do Curso “Reprodução dos Saberes, Fazeres e Identidade” voltado exclusivamente para Baianas de Acarajé da Bahia, devidamente cadastradas na Associação Nacional das Baianas de Acarajé – ABAM.
Indumentária - Memorial
Tabuleiro da Baiana - Memorial
Fé das Baianas - Memorial

E-BOOKS

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A tradição é política: A política do dia a dia das baianas de acarajé

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E-book – Ofício das Baianas de Acarajé – IPHAN

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Este projeto tem apoio financeiro do Estado da Bahia, através da Secretaria de Cultura e do Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia (IPAC) – (Programa Aldir Blanc Bahia) via Lei Aldir Blanc, direcionada pela Secretaria Especial da Cultura do Ministério do Turismo, Governo Federal.

Realização:
Grupo Cultural Ska Reggae

Direção de Produção:
Luana Oswaldo
Janaina Costa
Edivaldo Costa

Produção Executiva – Museu Digital:
Janaina Costa

Produção Executiva – Curso Reprodução dos Saberes, Fazeres e Identidade:
Luana Oswaldo

Arquivologista:
Eduardo Costa

Museóloga:
Daiane Santos

Direção Audiovisual:
Gabriel Machado

Assistentes de Produção:
Evelyn Oswaldo
Dawerson Pacheco
Lais Freitas

Consultoria:
Hildete Costa

Parceiros:
Associação Nacional das Baianas de Acarajé, Mingau, Receptivos da Bahia (ABAM): Rita Santos
E-book “A Política do dia-dia das Baianas de Acarajé”: Vanessa Castañeda
Tradução do e-book “A Política do dia-dia das Baianas de Acarajé”: Felipe Devicaro
E-book “Ofício das Baianas”: IPHAN
Designer Gráfico: Mariana Pimenta
Programador e Webdesigner: Alexandre Marks
Artista Plástico: Zaca Oliveira
Coletivo Audiovisual: Efeito Coletivo

Palestrantes:
“#TáNoTabuleiro .COM MundoInteiro”
Simone Moutinho – Respeito à Mulher
Rita Santos – História e Legado das Baianas de Acarajé
Patricia Brito – Ofício das Baianas
Nóelia Santos – Ações e atuação da ABAM em todo Território Nacional

Facilitadores Curso “Reprodução dos Saberes, Fazeres e Identidade”:
Gênero
Jeovane Marúsia
Prática de Cozinha
Eliane Oliveira
Ana Cássia Neri
Associativismo
Maria Luísa Passos
Turismo
Rita Souto
Matemática Básica
Cláudia Ribeiro
Empreendedorismo
Edson Costa
Atendimento ao Cliente
Amabelle Costa
Patrimônio
Patrícia Brito
Precificação e Gestão de Alimentos
Cristiane Andrade
Violência Conta Mulher
Simone Moutinho

Apoio financeiro:
Governo Federal
Secretaria Especial da Cultura do Ministério do Turismo
Estado da Bahia
Secretaria de Cultura da Bahia
Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia (IPAC)
Programa Aldir Blanc Bahia

Nosso acarajé tem axé: um universo de saberes sagrados no tabuleiro da baiana

Hermano Fabrício O. Guanais e Queiroz

No imaginário coletivo é sagrada e consagrada a ideia de que não há Bahia sem baianas e de que não há acarajé sem axé. A presença dessas mulheres de santo nos diversos espaços, largos, esquinas, praças e ruas de Salvador, e hoje em grande parte do Brasil, significa a força e a representatividade da cultura negra, da mulher negra, da religião negra, da negritude que forma e conforma a diversidade cultural do Brasil, nosso patrimônio vivo, nosso Patrimônio Cultural!

Elas afirmam identidades, inspiram, moldam paisagens, criam moda, esbanjam graciosidade e encanto, perfumam o ar com os cheiros do dendê, levam charme, humor carregado de afeto e simpatia! No seu ponto, por vezes sacralizado, impera a tradição, o respeito à ancestralidade que o alimento evoca, representa e simboliza. O acarajé e a baiana têm história, memória, identidade e axé! O acarajé é sagrado! Sagrado porque nele se assenta Yansã, e se nele não se assentasse Yansã, seria mais um bolo, mais um bolinho frito, em meio a tantos outros, no meio do caminho…! Mas não! Nele se assenta Yansã, e, por isso, nele há axé: o acarajé tem axé!

E por evocar, representar e simbolizar a história de luta de milhares de negros escravizados neste País; por não poder ser apartado de sua origem sagrada e de elementos associados à sua comercialização, “como a complexa indumentária da baiana, a preparação do tabuleiro e dos locais onde se instalam, a natureza informal do comércio e os locais mais costumeiros de sua venda, os significados atribuídos pelas baianas ao seu ofício e pela sociedade local, e nacional, a esse símbolo da identidade baiana, que também é representativo dos grupos afrodescendentes em outras regiões do Brasil”; por ser símbolo identitário da Bahia e do Brasil, o Ofício de Baiana de Acarajé foi Registrado, em 2005, a pedido da Associação Nacional das Baianas de Acarajé, Mingau e Receptivo e Similares, pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, como Patrimônio Cultural do Brasil. Patrimônio dos Terreiros, das Baianas, do Brasil!

Inscrito no livro dos saberes, na forma do Decreto 3.551, de 04 de agosto de 2000, e de acordo com o quanto preconizado pelo art. 216 da Constituição Federal de 1988, o Ofício de Baiana de Acarajé desafiou e desafia órgãos de patrimônio e cultura e também legislações em vigor na implementação de sua Salvaguarda e de direitos culturais. Dos terreiros e rituais do candomblé, os saberes e práticas deste ofício tradicional vinculado, matricialmente, à Bahia, o acarajé, de alimento sagrado e votivo, transformou-se, pelas mãos de mulheres fortes, símbolo de resistência e fonte de sustento e renda; de produto resultante de práticas tradicionais da religiosidade afro-brasileira, a objeto de cobiça, indevida e criminosamente, usado por um mercado perverso e discriminatório; de comida de santo, especialmente ofertada a Yansã e Oyá, a bola de fogo, servida quente, em espaços de Axé e fé, é apropriada e até rebatizada por denominações religiosas, estranhas e contrárias às de matriz africana, de “bolinho de Jesus”.

Toda essa riqueza ancestral simbolizada em cada ponto dos bordados de richelieu e nos traçados do pano da costa; na paz que exala do branco de rendas; e na alegria do brilho colorido de colares e contas, na fé que as religiões de matriz africana sustentam, grita por apoio, conhecimento e reconhecimento para além dos títulos, das fotos e de servir como elementos decorativos de festas e de gestores e políticos de plantão.

A Lei Aldir Blanc, alento e oásis em meio à pandemia do COVID 19, mediante intermediação entre o Ministério do Turismo e sua Secretaria Especial da Cultura, com apoio financeiro da Secretaria de Cultura do Estado da Bahia e sua autarquia, o Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural, vem apoiar projeto inédito de salvaguarda do Ofício de Baiana de Acarajé, denominado “Histórias, Memórias e Acervos do Memorial das Baianas de Acarajé”. Abrangendo 16 municípios e 8 territórios da Bahia, em formato on line e presencial, o projeto visa a implementação de ações de salvaguarda – apoio e fomento – ao Ofício de Baiana de Acarajé, a partir da criação de um Museu Digital com documental e iconográfico sobre o ofício, legado, trajetória e catalogação de acervos de baiana; edição do livro “Tradição, Ofício e Práticas cotidianas das Baianas de Acarajé”, da pesquisadora e colaboradora Vanessa Castañeda; produção de um documentário historiográfico intitulado “Do Dendê ao Acarajé”, que trata do processo de produção do dendê, bem associado ao Ofício de Baiana; disponibilização de lives educativas, com abordagem de temas relativos a patrimônio imaterial, empreendedorismo cultural, logística, atendimento ao cliente, gastronomia, empoderamento feminino e associativismo; e, por fim, realização do curso “Reprodução dos Saberes, Fazeres e Identidade”, para o desenvolvimento de reflexões sobre o que é ser Patrimônio Cultural.

Esta iniciativa da ABAM, por sua capacidade de fortalecimento de tão relevante prática sociocultural, Patrimônio Cultural do Brasil, merece altar e incenso no contexto da boa e adequada aplicação de recursos da Lei Aldir Blanc! Salve as Baianas de Acarajé! Salve o Patrimônio Cultural do Brasil!